12.12.18

Discurso do presidente António Sousa na Sessão Solene

Se não conseguiu estar na Sessão Solene dos 100 anos do Juventude pode afora conferir o discurso do presidente António Sousa a todos os que marcaram presença :

Quero agradecer aos nossos distintos convidados  e a todos os sócios e amigos do Juventude Sport Clube,que nos honraram com a sua presença, que é um reconhecimento da importância que o Juventude Sport Clube tem, mas também um grande estímulo para, no segundo século de vida, continue a ser a principal referência desportiva, social e cultural  de Évora .

Uma nota pessoal; estar hoje  aqui , nesta ocasião festiva e ímpar para a história do nosso querido Juventude, é um momento carregado de emoção e, dos  mais felizes da minha vida. Estes quatro anos e meio  como Presidente da Direcção, foram repletos de dificuldades e de muito trabalho, mas muito ricos em experiências e extremamente gratificantes pelos resultados , pelas amizades e pelo carinho que vejo continuamente ser dado ao nosso Juventude.
Presidente da Direcção, considero-me  o primeiro servidor do Juventude , estando aqui enquanto quiserem e para aquilo que quiserem, fazendo o que é preciso fazer pelo clube e colocando acima de tudo o interesse do Juventude.
O Juventude Sport Clube foi fundado por alguns jovens da cidade, Augusto Artur, Francisco Santos, João Matos, João Nunes e Manuel Louro que , na sequência de reuniões que faziam à luz da vela , frente à Igreja de S. Francisco , decidiram a fusão de dois clubes já existentes: o Seta e o União da Graça, nascendo o Juventude Sport Clube. Isto é , não se identificando com nenhum projecto previamente existente na cidade, procuraram criar um clube mais forte, mais ambicioso, com vontade de conquista como se  percebe pelo lema adoptado pelo clube:Força de Vontade.
Como curiosidade,os cinco fundadores fizeram parte das primeiras equipas do Juventude, mas nenhum chegou a ser Presidente. O primeiro Presidente foi  Vitor Morais , tendo sobre  Manuel Garcia Pereira recaído a responsabilidade pela escolha das cores e do nome .
Tinha acabado de nascer um pequeno clube, com um grande coração e uma grande vontade de vencer que rapidamente se tornou fundamental no panorama desportivo eborense e nacional.
O seu lema, Força de Vontade, um apelo à transcendência e ao inconformismo, inspirador para a superação, individual e colectiva, continua a ser uma das mais positivas mensagens que podemos transmitir.
Clube eclético na sua natureza, onde se praticaram e praticam as mais diversas modalidades, teve no futebol a sua modalidade omnipresente e emblemática. Esteve sempre ligado à cultura, nas suas mais diversas expressões, tendo ainda profundas  preocupações sociais.
Desde sempre um clube popular, ligado aos mais humildes e desfavorecidos, muito ligado ao povo que sonha, que trabalha e que arregaça as mangas para construir um futuro melhor.
Historicamente discriminado negativamente ao longo da sua existência, as forças mais dinâmicas da sociedade eborense , sempre sentiram uma identificação muito forte com o Juventude Sport Clube.
Conotado com ligações a determinadas correntes políticas, esteve em risco de encerrar portas no Estado Novo, valendo-lhe a acção do seu presidente de então, José Maria Machado, e do arcebispo de Évora.
Viveu momentos de grande fulgor e sucesso, no futebol e noutras modalidades, como na alta ginástica,no ciclismo, no basquetebol e noutras modalidades.
Na exposição  que inauguraremos no espaço do Inatel, dia 8 de Dezembro, pelas 18 horas, depois do almoço do Centenário, para o qual estão todos convidados, retratamos  de forma detalhada o seu passado glorioso, através de  objectos, documentos e fotografias que, de forma sóbria, elegante e artística, nos tocarão a todos.
Atravessámos períodos fantásticos e de grande alegria e, alguns menos bons. Coleccionámos êxitos e alguns desapontamentos, relembrando a este propósito a ferida que ainda existe  resultante da saída do Juventude da sua sede histórica, de mais de 70 anos, no nosso Pátio do Salema, num processo que não esquecemos.
 No entanto, nunca perdemos a nossa identidade, a nossa cultura  e a nossa forma de estar, sem dúvida a grande riqueza de qualquer instituição, num Mundo incolor, inodoro e insípido.
Acrescentámos sempre património ao nosso vasto parque desportivo, tentando sempre melhorá-lo. Em 2017 inaugurámos um campo sintético de futebol, que criou condições adequadas para a prática desportiva aos nossos jovens atletas e, no inicio de 2019, iremos construir um novo piso no nosso Pavilhão do Juventude., uma vez que o actual não reúne condições dignas para a prática desportiva. Ao fazer a requalificação do nosso pavilhão, é Évora que  ganha  pois passa a ter um palco com condições mínimas para voltarem à nossa cidade grandes espectáculos desportivos.
Nestas duas melhorias patrimoniais referidas, o Juventude aproveitou  candidaturas abertas pela Federação Portuguesa de Futebol e pelo Instituto Português  do Desporto e da Juventude , que mais uma vez agradecemos,bem como do precioso auxílio da Câmara Municipal de Évora.
Essas candidaturas só foram possíveis porque o Juventude , depois de se ter colocado em risco de desaparecimento pelas dívidas e processos acumulados, conseguiu com o esforço de muitos , estar hoje com a situação regularizada perante a Autoridade Tributária e Segurança Social e tendo reduzido a dívida de forma significativa. Estamos hoje  a pagar o passado, o presente e o futuro , nos investimentos que fazemos.
Com os seus  cerca de 400 atletas de sete modalidades, o Juventude substitui-se ao Estado  no que seriam as suas obrigações  na área do desporto, previstas na Constituição. Por esse relevantíssimo e insubstituível papel  na sociedade, o Juventude  não beneficia, desde há dez anos , de qualquer apoio financeiro, o que me parece totalmente imoral e injusto. Considero que, com diálogo, existe aqui espaço para uma melhoria  e  correcção desta situação, e temos a certeza que  este aspecto será rapidamente tomado em conta  tanto pela autarquia, com quem temos relações muito construtivas, de grande confiança e  lealdade, como pelos restantes partidos,  cujos representantes nos quiseram honrar com a sua presença.
Olhando em frente vemos um Futuro, difícil de prever, que deixa a interrogação: Qual será o Juventude do segundo século de vida? Que queremos que venha a ser o clube do nosso coração?
Tantas vezes ouço  vozes de desânimo e de descrença. Que não seremos capazes . Que Évora ou o Alentejo não têm condições. Se  essa fosse a minha convicção  não estaria aqui hoje pois , para além da inutilidade que teria, nesse caso, a minha acção, sentiria que estaria a trair todos aqueles que lutaram, sonharam e ambicionaram dias melhores para o Juventude, sobretudo os jovens que , há cem anos , fundaram este clube glorioso.
Vivemos num tempo de medo. Medo do futuro, de empreender,  medo do outro, de criar relações, de constituir família, preocupados com o que  sociedade aceita ou não, de emitir opiniões que saiam da norma estabelecida. Pergunto : se nos garantissem que tudo correria bem, o que é que estaríamos dispostos a fazer?
E então, que  queremos fazer do Juventude nos próximos tempos? Um clube grande em história e cultura, grande em património, mas  de coração pequeno, tolhido pelo medo, pela incerteza e encolhido  na Horta das Figueiras?
Ou preferimos  um Juventude à Juventude? Moderno, ambicioso, mantendo a sua matriz de  clube eclético, socialmente envolvido, inclusivo e com preocupações culturais, de todos e para todos, assumindo-se como  uma das forças mais dinâmicas da Cidade de Évora e do Alentejo?
Queremos acreditar que os melhores dias do Juventude estão no seu rico passado, ou acreditamos que os melhores dias estarão para chegar?
Queremos um Juventude maior e melhor?
Vamos acordar este gigante adormecido?
Que diriam os fundadores se lhes fizéssemos estas mesmas  perguntas ?
Sabem, como eu, o que eles nos pediriam para fazermos , unidos, todos os juventudistas , pelo nosso amado clube! Sabem  que Juventude eles nos pediriam para construir, o meu Juventude, o vosso Juventude , o nosso eterno e glorioso Juventude .
Viva o Juventude!

Sem comentários: