Quero
agradecer aos nossos distintos convidados
e a todos os sócios e amigos do Juventude Sport Clube,que nos honraram
com a sua presença, que é um reconhecimento da importância que o Juventude
Sport Clube tem, mas também um grande estímulo para, no segundo século de vida,
continue a ser a principal referência desportiva, social e cultural de Évora .
Uma nota
pessoal; estar hoje aqui , nesta ocasião
festiva e ímpar para a história do nosso querido Juventude, é um momento
carregado de emoção e, dos mais felizes
da minha vida. Estes quatro anos e meio
como Presidente da Direcção, foram repletos de dificuldades e de muito
trabalho, mas muito ricos em experiências e extremamente gratificantes pelos
resultados , pelas amizades e pelo carinho que vejo continuamente ser dado ao
nosso Juventude.
Presidente
da Direcção, considero-me o primeiro
servidor do Juventude , estando aqui enquanto quiserem e para aquilo que
quiserem, fazendo o que é preciso fazer pelo clube e colocando acima de tudo o
interesse do Juventude.
O Juventude
Sport Clube foi fundado por alguns jovens da cidade, Augusto Artur, Francisco
Santos, João Matos, João Nunes e Manuel Louro que , na sequência de reuniões que
faziam à luz da vela , frente à Igreja de S. Francisco , decidiram a fusão de
dois clubes já existentes: o Seta e o União da Graça, nascendo o Juventude
Sport Clube. Isto é , não se identificando com nenhum projecto previamente existente
na cidade, procuraram criar um clube mais forte, mais ambicioso, com vontade de
conquista como se percebe pelo lema adoptado
pelo clube:Força de Vontade.
Como
curiosidade,os cinco fundadores fizeram parte das primeiras equipas do
Juventude, mas nenhum chegou a ser Presidente. O primeiro Presidente foi Vitor Morais , tendo sobre Manuel Garcia Pereira recaído a
responsabilidade pela escolha das cores e do nome .
Tinha acabado
de nascer um pequeno clube, com um grande coração e uma grande vontade de
vencer que rapidamente se tornou fundamental no panorama desportivo eborense e
nacional.
O seu lema,
Força de Vontade, um apelo à transcendência e ao inconformismo, inspirador para
a superação, individual e colectiva, continua a ser uma das mais positivas
mensagens que podemos transmitir.
Clube
eclético na sua natureza, onde se praticaram e praticam as mais diversas
modalidades, teve no futebol a sua modalidade omnipresente e emblemática. Esteve
sempre ligado à cultura, nas suas mais diversas expressões, tendo ainda
profundas preocupações sociais.
Desde sempre
um clube popular, ligado aos mais humildes e desfavorecidos, muito ligado ao
povo que sonha, que trabalha e que arregaça as mangas para construir um futuro
melhor.
Historicamente
discriminado negativamente ao longo da sua existência, as forças mais dinâmicas
da sociedade eborense , sempre sentiram uma identificação muito forte com o
Juventude Sport Clube.
Conotado com
ligações a determinadas correntes políticas, esteve em risco de encerrar portas
no Estado Novo, valendo-lhe a acção do seu presidente de então, José Maria
Machado, e do arcebispo de Évora.
Viveu momentos
de grande fulgor e sucesso, no futebol e noutras modalidades, como na alta
ginástica,no ciclismo, no basquetebol e noutras modalidades.
Na
exposição que inauguraremos no espaço do
Inatel, dia 8 de Dezembro, pelas 18 horas, depois do almoço do Centenário, para
o qual estão todos convidados, retratamos
de forma detalhada o seu passado glorioso, através de objectos, documentos e fotografias que, de
forma sóbria, elegante e artística, nos tocarão a todos.
Atravessámos
períodos fantásticos e de grande alegria e, alguns menos bons. Coleccionámos êxitos
e alguns desapontamentos, relembrando a este propósito a ferida que ainda
existe resultante da saída do Juventude
da sua sede histórica, de mais de 70 anos, no nosso Pátio do Salema, num
processo que não esquecemos.
No entanto, nunca perdemos a nossa identidade,
a nossa cultura e a nossa forma de
estar, sem dúvida a grande riqueza de qualquer instituição, num Mundo incolor,
inodoro e insípido.
Acrescentámos
sempre património ao nosso vasto parque desportivo, tentando sempre melhorá-lo.
Em 2017 inaugurámos um campo sintético de futebol, que criou condições
adequadas para a prática desportiva aos nossos jovens atletas e, no inicio de
2019, iremos construir um novo piso no nosso Pavilhão do Juventude., uma vez
que o actual não reúne condições dignas para a prática desportiva. Ao fazer a
requalificação do nosso pavilhão, é Évora que
ganha pois passa a ter um palco
com condições mínimas para voltarem à nossa cidade grandes espectáculos
desportivos.
Nestas duas
melhorias patrimoniais referidas, o Juventude aproveitou candidaturas abertas pela Federação
Portuguesa de Futebol e pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude , que mais uma vez
agradecemos,bem como do precioso auxílio da Câmara Municipal de Évora.
Essas
candidaturas só foram possíveis porque o Juventude , depois de se ter colocado
em risco de desaparecimento pelas dívidas e processos acumulados, conseguiu com
o esforço de muitos , estar hoje com a situação regularizada perante a
Autoridade Tributária e Segurança Social e tendo reduzido a dívida de forma
significativa. Estamos hoje a pagar o
passado, o presente e o futuro , nos investimentos que fazemos.
Com os seus cerca de 400 atletas de sete modalidades, o
Juventude substitui-se ao Estado no que
seriam as suas obrigações na área do
desporto, previstas na Constituição. Por esse relevantíssimo e insubstituível
papel na sociedade, o Juventude não beneficia, desde há dez anos , de
qualquer apoio financeiro, o que me parece totalmente imoral e injusto. Considero
que, com diálogo, existe aqui espaço para uma melhoria e correcção
desta situação, e temos a certeza que
este aspecto será rapidamente tomado em conta tanto pela autarquia, com quem temos relações
muito construtivas, de grande confiança e
lealdade, como pelos restantes partidos,
cujos representantes nos quiseram honrar com a sua presença.
Olhando em
frente vemos um Futuro, difícil de prever, que deixa a interrogação: Qual será
o Juventude do segundo século de vida? Que queremos que venha a ser o clube do
nosso coração?
Tantas vezes
ouço vozes de desânimo e de descrença.
Que não seremos capazes . Que Évora ou o Alentejo não têm condições. Se essa fosse a minha convicção não estaria aqui hoje pois , para além da
inutilidade que teria, nesse caso, a minha acção, sentiria que estaria a trair
todos aqueles que lutaram, sonharam e ambicionaram dias melhores para o
Juventude, sobretudo os jovens que , há cem anos , fundaram este clube glorioso.
Vivemos num
tempo de medo. Medo do futuro, de empreender, medo do outro, de criar relações, de
constituir família, preocupados com o que
sociedade aceita ou não, de emitir opiniões que saiam da norma
estabelecida. Pergunto : se nos garantissem que tudo correria bem, o que é que
estaríamos dispostos a fazer?
E então, que
queremos fazer do Juventude nos próximos
tempos? Um clube grande em história e cultura, grande em património, mas de coração pequeno, tolhido pelo medo, pela
incerteza e encolhido na Horta das
Figueiras?
Ou
preferimos um Juventude à Juventude?
Moderno, ambicioso, mantendo a sua matriz de
clube eclético, socialmente envolvido, inclusivo e com preocupações
culturais, de todos e para todos, assumindo-se como uma das forças mais dinâmicas da Cidade de
Évora e do Alentejo?
Queremos
acreditar que os melhores dias do Juventude estão no seu rico passado, ou
acreditamos que os melhores dias estarão para chegar?
Queremos um
Juventude maior e melhor?
Vamos
acordar este gigante adormecido?
Que diriam
os fundadores se lhes fizéssemos estas mesmas
perguntas ?
Sabem, como
eu, o que eles nos pediriam para fazermos , unidos, todos os juventudistas ,
pelo nosso amado clube! Sabem que
Juventude eles nos pediriam para construir, o meu Juventude, o vosso Juventude
, o nosso eterno e glorioso Juventude .
Viva o
Juventude!
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