De entre os quais, consta o Estádio Sanches de Miranda (número 51 do dossier), do Juventude Sport Clube vulgarmente conhecido por Juventude de Évora.
«Tal como qualquer pessoa deseja e sente necessidade de ter uma casa para viver com o seu agregado familiar, também o Juventude sentiu necessidade de possuir um campo para a prática de desporto, não só futebol, mas também outras modalidades e actividades dos seus sócios e simpatizantes.
A pretensão baseava-se no facto de, com espaço próprio, possuir melhores condições de trabalho para formar equipes, sem esquecer ao mesmo tempo a formação de homens e mulheres que se integrassem, numa sociedade que fosse digna para todos.
Por isso, quando nos encontramos a menos de um mês de se comemorar o 85º. aniversário da inauguração do Estádio Sanches de Miranda, vamos hoje falar dessa efeméride na Rubrica
"ESTÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA"
Começamos por dizer que inicialmente o Rossio de São Brás era o parque de jogos da Cidade.
Por esse motivo o Ateneu Desportivo Eborense terraplanou um terreno e construiu um rectângulo de jogo que foi posteriormente designado por Campo Estrela, com vantagens e desvantagens para os restantes clubes que não possuíam campo de jogos, como era o caso do Juventude.
Em face disso o Juventude procedeu à aquisição de um terreno a que se seguiu a construção do campo para tornar realidade um dos seus sonhos.
Por dificuldades financeiras resolveu pôr à venda o terreno que possuía, dando conhecimento do facto a Augusto Mendes que sabendo o que o Juventude pretendia alvitrou a sua venda ao clube.
Por isso Sebastião Cerveira entrou em contacto com a direcção chegando a acordo da verba com a condição de ser pago em prestações, através do aceite de letras.
Como Sebastião Cerveira era director do Banco do Alentejo, foram os aceites descontados neste Banco.
Para além disso não só se responsabilizou pela dívida perante o Banco, como perdoou algumas letras e suportou parte das despesas efectuadas com a construção do campo.
A escritura da aquisição do terreno foi efectuada em 3 de Fevereiro de 1930, portanto em data posterior à inauguração do campo.
A respectiva inauguração foi devidamente programada para o dia 2 de Dezembro de 1928, data
em que se comemorava o 10º. Aniversário da fundação do clube, constituindo o acontecimento uma data muito importante para a vida do Juventude e para a própria Cidade de Évora.
As festividades começaram, nesse Domingo, bem cedo com os foguetes, como se fosse a águia do emblema a esvoaçar, subindo no espaço com efeitos e reflexos no horizonte numa demonstração clara de alegria, não só para os Juventudistas, mas também para todos os que viam na obra o engrandecimento da própria Cidade.
E muito especialmente para os que estando desde a primeira hora na sua construção começavam a ver o produto do seu trabalho ser coroado de retumbante êxito.
Contudo, como não há bela sem senão, aconteceu o inesperado quando perto da hora aprazada para a chegada à Estação de Caminho de Ferro de Évora, os promotores do evento tiveram conhecimento que o comboio que trazia os componentes da Equipe da União Futebol Clube Comércio Indústria ainda não tinha saído do Barreiro.
Os organizadores ficaram num estado de verdadeira desilusão, e não era para menos, uma vez que mesmo que se conseguisse, à própria da hora, uma outra equipe, era como vulgarmente se diz: "sopas depois de almoço"
No entanto como após a tempestade vem a bonança, depois das 13 horas
«FAVOR PREVENIR JUVENTUDE QUE SEGUIMOS CAMINHO DE FERRO O COMBOIO PARTIRA DO BARREIRO DEPOIS DAS 12 HORAS»
A alegria, como fàcilmente se compreende, foi enorme e pouco tempo depois é organizado o cortejo em que várias colectividades com os respectivos estandartes se fizeram representar, bem como a Banda da Escola do Grupo de Amadores de Música Eborense que executou, diversos trechos musicais, durante o trajecto desde a Séde até ao Campo, passando pela Praça de Giraldo e Rua da República.
No cortejo pela seguinte ordem: Bombeiros, Amadores, Empregados do Comércio, Pedreiros, Associações de Classe, Mocidade Eborense, Joaquim António de Aguiar, Escola Industrial, Imprensa, representantes de algumas agremiações e individualidades e, por último os Estandartes do Luzitano, Juventude e Sporting Clube Eborense, seguindo-se a Banda dos Amadores e muito povo, constituindo a maior manifestação desportiva que foi vista em Évora, de acordo com o noticiado pelos diversos jornais que se referiram ao acontecentecimento.
O novo campo encontrava-se profusamente embandeirado apresentando um magnífico aspecto, com uma tribuna de honra, onde as Entidades Superiores, Civis e Militares da Cidade: Governador Civil, Comandante da Região e dos Regimentos de Artilharia 1, Cavalaria 5 e Infantaria 16, este último representado pelo sr. Tenente António da Rosa, representantes da Junta Geral do Distrito, Luzitano Ginásio Clube e muitos outros tomaram lugar com a madrinha a Srª. D. Maria Antónia Vieira de Barahona.
Içada a Bandeira do Juventude pelo Sr. Governador Civil, teve lugar o Baptismo do Campo, tendo a madrinha dito a seguinte frase:
"CAMPO DO JUVENTUDE
EU TE BAPTIZO COM O NOME DE:
SANCHES DE MIRANDA"
Após a interessante cerimónia iniciou-se partida de futebol como complemento da inauguração do então já "Estádio Sanches de Miranda" entre as equipes de honra do Juventude e da União de Futebol Comércio e Indústria, que tinha chegado muito perto das 15 horas.
O resultado, a exemplo do que tem sucedido com grandes clubes, aquando da inauguração dos seus estádios, terminou com uma concludente vitória do clube Setubalense por 8-1.
Á noite realizou-se um jantar de confraternização no Hotel Eborense, terminando a festa com a realização de um baile.
Também foi descerrada uma foto de Florival Sanches de Miranda.
Por hoje é tudo, pelo que nos despedimos até à próxima
Rubrica "ESTÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA"
6 de Novembro de 2013
ARMANDO RIBEIRO
Finalmente dizemos que por ter sido fundado em 5 de Dezembro de 1918 o Juventude comemora este ano (2018), o seu CENTENÁRIO.
Cortesia de Armando Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário